domingo, 2 de novembro de 2008

Depoimento de Beth Yen, irmã.


"Quando a Marisa foi internada, nunca imaginei que iria passar por momentos tão delicados. Uma fase da minha vida que não gostaria nem de lembrar... A minha maior preocupação era de pensar se a Marisa estava sentindo dores, pois estava cheia de mangueirinhas pelo corpo e não conseguia falar nada.

Mas os médicos me tranqüilizavam dizendo que - paciente neste estado nada sofre -, mas eu tinha minhas dúvidas. Num ato de desespero cheguei a brigar com Deus e perguntar: " por que a Marisa está passando por um momento de tanto sofrimento?"

Eu não podia perder a esperança! Tinha que acreditar que tudo ficaria bem novamente. Um dia vi que ela podia mexer um dedo e piscar os olhos! Assim começava a nossa comunicação: ela respondia as minhas perguntas apertando a minha mão ou piscando os olhos.

A vida continuava com uma nova rotina, sem muitas certezas, a família toda naquela tensão sem palavras, apenas aguardando um dia melhor com boas notícias. Eu agradecia a Deus todos os dias, pois todos os dias tinham visitas para ela, trazendo carinho e boas energias, pois muitos internos em diferentes condições nunca recebiam visitas.

Depois de quase dois meses a Marisa não via a hora de ir para a casa, nos últimos dias de internação foi difícil controlar a ansiedade dela! Todo cuidado era pouco: dependia da sonda e como ela estava muito fragilizada não conseguia caminhar e nem se alimentar sozinha . Mas a vontade dela era uma só: a de voltar para a casa. Os novos desafios eram a recuperação da voz, dos movimentos e voltar a andar.

Dois anos mais tarde, recuperada e de volta ao trabalho, os médicos indicaram a terceira cirurgia. Desta vez ficaram seqüelas mais graves, a vida da Marisa mudou. Teve que deixar o trabalho e pensar apenas na recuperação.

Parece que foi ontem, mas dez anos se passaram... e eu diria que a vida nos ensina todos os dias.
E com a Marisa aprendi o que é determinação e coragem, pois mesmo com as limitações e de todas as mudanças que lhe foram impostas nunca desanimou, pelo contrário foi em busca do fortalecimento espiritual - onde trabalha a paciência, a tolerância e principalmente a superação.

Tornou-se uma pessoa mais forte do que nunca.

Este é o resumo de um capítulo da minha vida, por onde passaram tantos "anjos". Não posso deixar de agradecer o Dr. Salvador (médico neurologista), às assistentes sociais (do Hospital Santa Isabel e da Santa Casa de Misericórdia), à Matiko, a todos os amigos (em especial a Cristiane Ishibashi que me ajudou todos os dias e cuidava da minha filha enquanto eu ia para o hospital visitar a Marisa).

Mas é importante que você que está lendo este depoimento AGORA, saiba que a família toda, sempre muito unida em todos os momentos, foi a condição essencial para que Marisa sentisse de onde poderia extrair forças e continuar conosco, ser a nossa vitória!"

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